Apresentação

A criação desse blog partiu da idéia de divulgar às novas gerações um pouco do que foi a efervescente década de 80. Num período em que os brasileiros estavam saturados da repressão militar e da falta de perspectivas para o Brasil, os jovens surgem nesse contexto mostrando a sua cara e exigindo mudanças políticas, comportamentais e sociais.
O rock foi o canal condutor que possibilitou a juventude a dizer aquilo que era preciso e o que ela queria.
De tão rico o conteúdo musical e poético dos grupos de rock daquela época, eles fizeram a diferença e entraram para a História.
Aqui você vai encontrar um pouco do que foram esses grupos e um pouco dessa fase da História do Brasil. Vai poder saber o que significou esse momento para muitos, ou então relembrar um poucos dos agitados anos 80.


sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O Caso Riocentro

O Caso Riocentro



Em comemoração ao dia do trabalho, em 1981, sindicalistas e grupos de esquerda organizaram, no Pavilhão do Riocentro, na noite do dia 31 de abril, um show de música popular brasileira reunindo artistas consagrados que se destacavam na oposição à política do regime, entre eles, Elba Ramalho, Chico Buarque de Holanda, Gonzaguinha, Alceu Valença e Gal Costa. Cerca de 20 mil pessoas estavam presentes, quando de repente uma bomba explode dentro de um carro no estacionamento, matando o sargento Guilherme Ferreira do Rosário e ferindo gravemente o capitão Wilson Luís Chaves Machado, ambos ligados ao DOI-CODI do Exército. Cerca de meia hora depois uma segunda bomba estoura na caixa de energia, sem fazer vítimas. Ainda foi encontrada uma terceira bomba intacta dentro do carro. O acidente atraiu a imprensa e descobriu-se que se tratava de um atentado de direita. Os terroristas instruídos pelo Centro de Informações do Exército - CIE, deveriam provocar explosões tanto nas instalações de fornecimento de eletricidade, como junto aos portões, criando pânico e a morte de inúmeros espectadores. A operação seria finalizada com ampla divulgação em toda a imprensa, atribuindo o atentado aos guerrilheiros de esquerda. Na realidade o atentado marcou o início e o declínio do terrorismo de direita contra a abertura. Uma Comissão Interna do Exército, comandada pelo SNI, na época suspeito de ter coordenado a ação terrorista, ficou responsável em investigar o caso. A investigação concluiu que os agentes teriam sido vítimas da esquerda, pois no momento da explosão estavam tentando desarmar as bombas. Em agosto de 1981, o general Golbery, em virtude das investigações, pediu demissão do cargo. Apesar do abafamento do caso, o terrorismo de direita perdeu força após o atentado ao Riocentro. Muitas versões para o caso foram noticiadas, uma delas, a qual mais tarde Figueiredo diz acreditar, é que o sargento e o tenente agiram por conta própria. Quanto à apuração, ainda hoje se discute a existência de um acordo entre os militares, que trocava a impunidade dos responsáveis pelo atentado pela aceitação da continuidade da abertura política pelos radicais, inclusive pelas eleições diretas de 1982. O Caso Riocentro também destrói a linha que Golbery havia criado e que o governo estava seguindo.



Comentário Analítico



Se o atentado no Pavilhão do Riocentro houvesse ocorrido da maneira como foi planejado, as proporções de vítimas seriam assustadoras. O caso Riocentro teve uma repercussão grandiosa em toda a imprensa brasileira. O Jornal da Tarde, de 02 de maio de 1981, publicou a seguinte matéria "Quem explodiu estas bombas no Rio? Veja os fatos e julgue". O Globo de 06 de maio de 1981, apresentou fotos do capitão Wilson no hospital, um dos agentes que participou do atentado. O atentado terrorista do Riocentro marcou a luta contra o terrorismo de direita no país. O presidente João Figueiredo, no jornal O Estado de S. Paulo, de 07 de maio de 1981, condenou a violência do atentado, "Não é a primeira vez nem será a última que repito, e já o fiz várias vezes, que eu não aceito a violência... A violência para mim é a guerra. E eu não aceito, apesar de soldado, eu não aceito a guerra em tempo de paz". O jornal Movimento, de 29 de junho de 1981, apresentou o resultado de dois meses de investigações sobre o caso Riocentro e um quadro de três hipóteses que o explicam, formuladas por militares com altos conhecimentos e experiência nas "questões de segurança". O jornal O Globo, de 03 de julho de 1981, publicou o fac-símile do auto de exame cadavérico processado no corpo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, um dos agentes do atentado. A revista Isto É, de 08 de julho de 1981, anunciou o arquivamento do inquérito policial militar que investigou as explosões no Riocentro, além de apresentar fotos do local da explosão. Em 1985 o caso Riocentro volta a repercutir na imprensa com a reabertura de outro atentados de direita.

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