Apresentação

A criação desse blog partiu da idéia de divulgar às novas gerações um pouco do que foi a efervescente década de 80. Num período em que os brasileiros estavam saturados da repressão militar e da falta de perspectivas para o Brasil, os jovens surgem nesse contexto mostrando a sua cara e exigindo mudanças políticas, comportamentais e sociais.
O rock foi o canal condutor que possibilitou a juventude a dizer aquilo que era preciso e o que ela queria.
De tão rico o conteúdo musical e poético dos grupos de rock daquela época, eles fizeram a diferença e entraram para a História.
Aqui você vai encontrar um pouco do que foram esses grupos e um pouco dessa fase da História do Brasil. Vai poder saber o que significou esse momento para muitos, ou então relembrar um poucos dos agitados anos 80.


sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Capital Inicial


Tudo começou com alguns amigos que estudavam na UnB, que se reuniam em um lugar próximo ao campus da Universidade, para passar o tempo, matar aula e ouvir música como The Clash, Jam, Ramones, e claro, Sex Pistols. Desta turma surgiram várias bandas, como Dado e o reino animal, Dinamite Cor-de-Rosa, Angra 2, Aborto Elétrico e Blitz 64. No Aborto Elétrico tocavam os irmãos Felipe e Flávio Lemos e o vocalista era um certo Renato Russo; já a Blitz 64 trazia entre seus integrantes o guitarrista Loro Jones.
Desta turma, surgiram as maiores bandas de rock de Brasília, Plebe Rude, Legião Urbana e Capital Inicial: em 1982, por iniciativa de Felipe Lemos e Loro Jones, nasce o embrião Capital Inicial, convidando Flávio
Lemos e uma amiga chamada Heloísa. Em meados de 1983, um fã incondicional do Capital Inicial assumiria o vocal da banda. Dinho Ouro Preto, que veio da banda Dado e o reino animal, onde era baixista. Os ensaios aconteciam no Edifício Brasília Rádio Center.
Ainda em 1983, o Capital faz o primeiro show em alto estilo, no evento DIGA ADEUS AO VESTIBULAR, na UnB. No ano seguinte, dois grandes shows deram impulso à carreira da banda: no Sesc Pompéia, em São Paulo e e no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Nesta altura, a banda já estava com suas bases em São Paulo, fazia shows nos principais palcos underground do rock brasileiro e colocava em circulação uma fita demo
em rádios alternativas. Em meados de 1984, as músicas Leve Desespero e Descendo o Rio Nilo eram tocadas diariamente na rádio Fluminense (RJ).
A primeira oportunidade em disco veio com a participação na coletânea Os Intocáveis, da CBS. Pouco tempo depois, o Capital assinou contrato com a própria CBS (atual Sony), e lança o primeiro compacto com as duas faixas que estavam na coletânea.
Em 1985, juntamente com os Titãs, Lulu Santos e Lobão, o Capital Inicial integra a trilha sonora de AREIAS ESCALDANTES, filme de Neville de Almeida. O compacto não teve boa divulgação e não emplacou. Em seguida, a PolyGram contratou a banda, que gravou seu primeiro LP em 1986. O disco saiu do forno com um hit, Música Urbana, música que foi incluída na trilha sonora da novela das oito.
O primeiro show do Capital com o LP gravado foi no Ginásio do Palmeiras, em São Paulo; neste espetáculo conjunto, que ainda incluía o Ira! e a Legião Urbana e recebeu um público bastante reduzido, os rapazes do
Capital não se intimidaram e abriram aquela noite com toda energia possível.
Quatro meses depois do primeiro espetáculo no Projeto SP, lá estava o Capital, mais uma vez para comemorar as 75 mil cópias vendidas. Eles resolveram brindar os paulistanos com mais dois concertos. Quem imaginou que não haveria público, pelo simples fato do show ter
ocorrido no meio da semana, enganou-se totalmente. Em plena quarta feira, um público fiel e considerável vibrou como nunca: Loro, Fê, Dinho e Flávio estiveram impecáveis no palco durante uma hora e meia.
Em Novembro de 1986, o Capital recebeu Disco de Ouro pela vendagem de 100 mil cópias. Aliviados com o sucesso do disco, a banda lançou no dia 7 de setembro de 1987o álbum Independência. Junto com ele, estreava o novo integrante, o tecladista Bozzo Barrette (produtor do 1º álbum). Novamente, o Capital recebeu Disco de Ouro e um convite para abrir a turnê do astro STING, em um show especial no Estádio Sete de Setembro em Belo Horizonte.
Em 1988 chega as lojas de todo país o álbum Você Não Precisa Entender, um disco bem dançante, com os hits Fogo, À Portas Fechadas, Movimento, Blecaute, Pedra na Mão, Ficção Científica e O Céu.
1989 foi marcado pelo lançamento do quarto álbum: Todos os Lados, com destaque para as músicas Olhos Abertos, Belos e Malditos e Mamboclub. A turnê do disco passou pelo Hollywood Rock, em janeiro de 1990. No inverno de 1991, sai o disco Eletricidade, pela gravadora BMG, um álbum respeitado por público e crítica. Esse disco veio com os hits O Passageiro, Kamikaze, Todas as Noites e Chuva. Neste mesmo ano a
banda participou da segunda edição do Rock in Rio.
Em 1992, o tecladista Bozzo Barrette deixa o grupo e, no ano seguinte, Dinho deixa a banda para se lançar com a nova banda, a Vertigo. Enquanto isso, o Capital colocou um anúncio na 89FM de São Paulo à procura de um vocalista; a escolha recaiu sobre Murilo Lima, que por acaso era amigo de Loro Jones. Com Murilo, gravaram o disco Rua 47 em 1994, pelo selo Qualé Cumpadi, de propriedade do grupo. Dinho, com a
Vertigo, gravou pelo selo independente Rock it!.
Em 1995, Dinho lançou um álbum solo, também pelo selo Rock it! e o Capital lançou o Ao Vivo, pelo selo Rede Brasil. A PolyGram lança o melhor do Capital Inicial, coletânea com hit’s da banda e o CD é Disco de Ouro. Em 1998, Loro, Fê, Flávio e Dinho se encontraram em um bar e resolveram comemorar os 15 anos de Capital e 20 anos de Rock Candango fazendo shows. O repertório seria composto por sucessos, músicas que não
foram muito divulgadas e composições de grupos que fizeram parte do movimento de Brasília nos anos 80, como Plebe Rude, Legião e Finis Africa. Durante esta turnê, surgiram diversas propostas de diversas
gravadoras, inclusive da Abril Music: um contrato para três discos, um dos quais gravado em Nashville (EUA) e produzido por David Z.
Em novembro saiu Atrás dos Olhos, que foi lançado em Portugal e na Espanha, e Dinho lançou seu livro no fim de 1999: Turma da Colina. A seguir, um trecho do livro: "se fôssemos um pouco menos arrogantes e um pouco mais cultos, saberíamos que não estávamos
dizendo nada de novo, mas a adolescência tem muito pouco a ver com bom senso".

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